A queda do Império Romano provocou uma série de transformações que atingiram centros urbanos da Europa levando à uma desaceleração no ritmo de crescimento econômico, político e demográfico, e que voltaram a se estabilizar nos séculos X e XI.
Existem várias teorias que tentam explicar como se deu a formação das cidades medievais. Algumas das explicações apontam os seguintes fatores: 1- o crescimento deu-se através de aldeias rurais; 2- as antigas cidades romanas que após terem sido abandonadas foram recuperadas; 3- a partir dos antigos santuários cristãos instalados fora da cidade e que prosperaram a ponto de formar novos núcleos urbanos.
Diante das mudanças ocasionadas pelas novas funções, como as militares e as religiosas, uma nova linha radiocêntrica correspondente ao modelo urbano da Idade Média, sobrepôs o traçado ortogonal antes existente a partir da realização sem uma pré-definição, de construções e pontos de apoio nos eixos que ligam as cidades, como as portas das muralhas e estradas de passagem. Desse modo, a espacialização da cidade medieval irá possuir forma orgânica e aparentemente desordenada por sua inserção no terreno e pela pouca utilidade que a quadrícula romana representava.
Surge uma nova morfologia que abandona a escala monumental das cidades romanas em favor de um aspecto mais intimista e na forma de pequenas cidades, cujo desenvolvimento apoia-se nas classes sociais existentes e que posteriormente irão distribuir-se proporcionando a criação de novos espaços. As explosões demográficas que ocorrem ao longo do período histórico, são sempre regradas com o surto de pestes, epidemias e guerras e que controlam em períodos alternados o crescimento das cidades.
No que diz respeito à suas defesas, a maioria dos assentamentos urbanos medievais apresentavam estratégias de proteção contra invasões com muralhas, torres e fossos, que além de proteger, separavam o espaço urbano e o mundo rural. Pela constante tentativa de crescimento dos centros urbanos, as muralhas construídas se expandiam formando sucessivas barreiras de defesa caracterizando a forma e imagem das cidades.
A rua é um forte elemento estruturador e presente em quase todo o perímetro do tecido urbano medieval. Já pavimentada desde os séculos XI e XII, eram feitas para se andar a pé ou com animais de carga; permitia acesso às edificações e também espaço para negociações. Considerado um delimitador de quarteirões, é também elemento morfológico do território e que o subdivide em logradouros e edifícios.
As habitações presentes possuíam traços uniformes e regulares, o mercado não possuía lugar específico podendo ser junto à uma das portas da cidade, ao centro ou próximo à igreja. As praças possuíam formas irregulares e localizações diversificadas e que possuíam dois tipos de função: a social e a comercial. Dividia-se em praça do mercado e praça da igreja (adro) ou o parvis medieval.
Os edifícios posicionavam-se na periferia ou no perímetro do quarteirão, deixando livre uma área posterior a cada lote e que seria usada como horta ou jardim privado.
Uma série de regras levadas à prática de construir, conduziram à uma qualidade estética e arquitetônica que compôs o espaço e a morfologia urbana medieval e serviram de referência em alguns períodos da história do urbanismo para a criação de novas urbanizações.
Fonte:
Morfologia Urbana e Desenho da Cidade – LAMAS, José M. Ressano Garcia, 2014 Fundação Carlouste Gulbekian, Lisboa.
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